quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Pele

Rasgada pela lasca de uma porta partida
A minha respiração sustem-se
E eu sigo pelo reflexo de um vidro cheio de nada
Em que as cores apenas refletem o brilho
De um vazio e de uma luz apagada.
Não dou importância ao momento
Enraivecido de ágeis movimentos
Capazes de domar o medo do desconhecido
Que ocupa as esquinas de uma casa já velha
Ruindo em cada passo, desfeita em cada parede,
Permeável em cada telha.
Ronrona o gato que se enrosca em mim
Eriçando-me os pêlos quando me toca com o seu nariz frio
Passo-lhe a mão pela cabeça e mia
Enquanto se baloiça na varanda alta
Com vista para um retrato de melancolia.
E sinto o cheiro a terra molhada
E mordo a sombra que me persegue
Mesmo quando foge da luz
Que me acompanha e protege
Nas caminhadas pelos dias longos me conduz.
Luanova

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